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[Coletânea] Contos

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Mensagem por Henry Louis M. Athennie Dom 08 Mar 2015, 14:31

Uma Coletânea de Contos, contendo publicações de todos os cidadãos de Seráfia. Ela é organizada pela Direção da Academia, e todos os cidadãos com aspirações literárias podem ter uma história sua publicada nesta Coletânea.



Na Prática escreveu:Todos que quiserem publicar os seus contos/short stories podem fazê-lo neste lugar, para não poluir a Biblioteca e para concentrar todos em um só lugar. Futuramente, terá um índice com todos os contos na primeira página, organizados por Autor e Data de publicação, para facilitar o acesso.
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[Coletânea] Contos Empty Re: [Coletânea] Contos

Mensagem por Henry Louis M. Athennie Dom 08 Mar 2015, 14:52

A Rosa


O vento balançava o sobretudo negro enquanto Charles andava. Os ventos frios de Maio eram, como todos sabiam, o prenúncio do inverno, e cortavam impiedosamente o rosto já envelhecido, rebatendo nas pesadas olheiras. Faziam dois dias, e ele não tivera tempo para deitar a cabeça em lugar algum, salvo alguns quinze minutos na sala nove, enquanto Cathy não chegava. Checou seu bolso. O maço de cigarros estava lá. Recostou-se em uma parede e acendeu um deles com um fósforo. Não precisava ter pressa, apesar de seu corpo, claramente, berrar o contrário.

Jogou o toco na rua. Ela estava completamente deserta, sendo o único som audível o assovio agudo e contínuo do vento. A apenas alguns passos estava o seu alvo. Entrou em um beco, abrindo a porta lateral da primeira casa que encontrou. Teve sua visão imediatamente ofuscada por uma luz branca.

- Marcani. Sou eu.

A luz cessou. Enquanto seus olhos se recuperavam do flash inesperado, podia ver a silhueta franzina sentada em uma cadeira, revólver apontado ao ponto entre suas sobrancelhas, e não havia sinal de que iria o abaixar.

- Eu sei. Qu'stá fazendo aqui? - coçou o nariz, sem mover o revólver um milímetro.

- Você sabe. O pacote.

Seus olhos já estavam se acostumando. O clarão quase o havia cegado, e a penumbra do ambiente tornava a adaptação cada vez mais difícil. Notava, porém, o ara cada vez mais denso no átrio, e a sua mão esquerda buscava incansavelmente o seu bolso. Era preciso concentração.

- Entendo. Já busco. É para Vivian?

- Sim.

O homem abaixou o revólver, colocando-o no bolso. Levantou-se da cadeira, e entrou por uma porta à direita. Já conseguia distinguir todos os detalhes do ambiente, os retratos na parede, a luminária com três das quatro lâmpadas queimadas. Até uma rosa meio seca sobre o aparador.

Ele voltou. Trazia em uma das mãos uma caixa de violino, mas cambaleava para carregá-lo, um sinal de que havia algo muito mais pesado dentro dela.

A mão esquerda encontrou o bolso.

- Aqui - colocou a caixa sobre o aparador.

- Não é meio clichê?

- Funciona.

Estendeu a mão direita, pegando a caixa. Era realmente pesada. O homem estendeu, também, sua direita.

- Tenha cuidado, ela é bem temperamental.

- Terei.

- John vai aceitar?

- Não.

Um estampido alto. Um baque surdo. Pegou o revólver do cadáver, fechou seus olhos. Andou até o aparador, pegou a rosa, secou-a e a colocou na lapela. A última lâmpada da luminária queimou. Abriu lentamente a porta, deixou a caixa no chão. Acendeu um cigarro, pegou-a novamente e saiu para a noite.
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